Imagem: Data centersMineradoras de criptomoedas investem no Brasil para usar excedente de energia renovável; impacto para infraestrutura e regulação.
O Brasil está chamando atenção internacional não apenas por sua matriz energética renovável, mas também pelo excesso de geração em algumas regiões. Esse cenário abriu espaço para um movimento inesperado: mineradoras de criptomoedas estão negociando contratos com companhias de energia nacionais para aproveitar o excedente.
Um dos exemplos mais emblemáticos vem da Renova Energia, que anunciou um investimento de US$ 200 milhões em um projeto de mineração de 100 MW no estado da Bahia. Além da energia eólica e solar, algumas operações também estudam o uso de biomassa agrícola, como a produzida por usinas de cana-de-açúcar, aproximando o setor do agronegócio do universo cripto.
O interesse não é à toa. Com a produção renovável crescendo em ritmo acelerado e a malha de transmissão nem sempre dando conta de absorver toda essa energia, as mineradoras enxergaram no Brasil uma oportunidade única de operar com custos reduzidos. Para empresas de tecnologia e infraestrutura de dados, o movimento pode abrir espaço para novos investimentos, inclusive em data centers que aproveitem essa mesma abundância energética.
No entanto, o entusiasmo vem acompanhado de riscos. A mineração de criptomoedas é conhecida pelo alto consumo energético e pode enfrentar críticas, mesmo quando utiliza fontes limpas. Questões regulatórias e ambientais também estão no radar: especialistas apontam que o governo poderá intervir para estabelecer limites ou regras específicas, especialmente em áreas que sofrem com instabilidade hídrica.
Enquanto isso, as negociações avançam e a tendência é que, nos próximos anos, o Brasil se torne não apenas um player de destaque em energia renovável, mas também um polo estratégico para operações de mineração digital em larga escala.